quarta-feira, 25 de abril de 2007

Francamente...





Comentário rápido. Essa foto saiu hoje, dia 25/04/2007, na internet, na página da UOL. O seguinte texto acompanha a foto: “George W. Bush dança com grupo de Senegal durante evento de prevenção à malária, no jardim da Casa Branca” A foto de Jason Reed/ Reuters. Francamente, os Estados Unidos, como o resto do mundo rico, abandonaram a África a própria sorte faz muito tempo. Canso só de ver esse teatro. Mas o degradante disso é o Presidente Americano, homem que abandonou New Orleans em 25 de Agosto de 2005 quando o Furacão Katrina atingiu o sul daquele país, se utilizar da África e de homens negros para melhorar o que sobrou da sua patética imagem.
Explico a minha demora em comentar a tragédia em questão. Spike Lee, documentou os dias que se seguiram à invasão das águas e a destruição da cidade e morte do povo daquele estado americano. Em um documentário político e eloqüente apresenta dados simples para análise, a administração daquele país abandona ou simplesmente não olha para nenhuma questão que envolva pessoas pobres e negras, mesmo que se trate de um estado inteiro da sua própria federação. Agora faz essa cara de idiota procurando vincular sua imagem a uma pessoa e um grupo de cor.
O filme em quatro partes passa na HBO esse mês, e espero que continue, por isso a atualidade do tema e da indignação...
Assistam:





Sobre Os Bolonistas

Como um time de futebol, Os Bolonistas têm onze jogadores, no caso escritores. Se bem que alguns jogam futebol de botão, mas ao publicar idéias tornam-se escritores, e o futebol comentado, descrito, cronicado, geralmente trata daquele com jogadores reais, peladeiros profissionais. No entanto, no jogo com palavras surgem, de texto em texto, verdadeiros craques. Jogadores criativos e com personalidade, de belas jogadas, dribles memoráveis. Alguns são mais participativos, posicionam-se em campo e nos surpreendem constantemente com jogadas de efeito, outros mais tímidos jogam na retaguarda e saem ao ataque poucas vezes, mas marcam golaços. Há os artilheiros, são poucos sempre, mas não vivem sem o time, por um lado porque as jogadas ensaiadas, os levantamentos dentro da área, partem dos companheiros de time. Acredito, não há jogada totalmente individual. Grandes gols nascem de armações complexas. Mas os artilheiros são imprevisíveis. Outros jogadores fazem milagres às vezes, fazem que vão dar o cruzamento, e partem com a bola rumo à meta. O futebol permite inumeráveis variações táticas e técnicas, formando grandes times quando equilibra forças por todo o campo.
O nosso campo de treinamento, nosso estádio, nossa arquibancada, a mesa de bar. Lugar sacro de criação de jogadas, planejamento estratégico de jogos. Entre um aperitivo e um gole na cerveja, uma bola é alçada na área e o gol está preparado. Cabe ao craque a conclusão final, o estufar das redes.
A comparação não pode ser perfeita porque não posso distribuir por nome e posição nossos onze homens dentro de um campo de futebol. Mas o fato de escreverem sobre futebol com paixão e técnica, conhecimento e beleza, me permite espelhar cada um a seu modo com um craque da bola, um grande técnico ou uma torcida apaixonada e vibrante.
Também nem tudo são alegrias, o time não ganha sempre. Há dias em que o jogador não vai bem, como poderia? O Romário teima, mas não guarda o milésimo, Ronaldo Gaúcho não virou na seleção, o Gordo engorda. Mas quem gosta sabe, o mil sairá, virá outra copa e o Ronaldo é o Ronaldo. Nosso time não piora com o tempo, ao contrário ganha experiência e umas gordurinhas que no peladeiro atrapalhariam. Quando alguém perde o passe ou chuta errado para o gol, certamente faltou concentração, entrou afobado na bola.
Veja bem, no futebol de hoje os times não são compostos de crias da casa. Compramos, vendemos e emprestamos jogadores. Sofremos de problemas semelhantes, os times de base dos nossos jogadores são diversos, suas formações iniciais ímpares, com técnicos mais ou menos exigentes em um e outro fundamento. Também acontecem, como em qualquer concentração, as questões de convivência, mas tudo se resolve e o time prevalece.
Escrevo isso pensando que nosso time andou por baixo nas tabelas, a copa foi genial, mas o resultado decepcionou, amansou os jogadores. No entanto, vem aí o grande campeonato e parece que os ânimos se fortalecem, os boleiros recuperam as forças, preparando-se para as pelejas. Percebo que há renovação no time, o mesmo time inspirado sobretudo.
Não sou craque, jogo porque gosto. Digamos assim um Nunes, poucos gols, mas às vezes decisivos. Pretensão minha?! Deixa estar... Um pouco de Dadá...

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Explica-se...


Meus amigos irão adorar essa foto e a postagem será lembrada pela certeza de um deles, sou tricolor. Mas não sou. O texto aí embaixo explica. O Demas, o Boris e o Lucílio, dois amigos e um amigo-irmão, porque cunhado, são tricolores. O primeiro São Paulino, os outros dois, como o meu pai, torcem pelo Fluminense. Entusiastas os três, adoram futebol, conhecem os times e seus jogadores, guardam datas e características dos ídolos. Com o Demas temos em comum um outro blog, Os Bolonistas, uma página coletiva na qual o texto citado foi originalmente publicado e, tendo em vista a publicação e o tom sentimental dado ao texto, o fez apostar na minha torcida pelo tricolor carioca. Lá no outro blog tentei uma vez publicar a foto para os amigos, mas não consegui, não sei porque. Aqui fica o registro, portanto.
A foto é ótima. Minha irmã parece caçoar de mim, e eu estou devidamente armado contra as galhofas alheias. Davam-se armas para crianças brincarem nessa época (jamais a minha mãe o faria, mas no Piauí eu ficava sob outros cuidados), combinando com o meu humor meio explosivo. Mas na foto estou bem, obrigado! A casa da Vovó era ótima, eu devia está bem feliz nestas férias...
Divirtam-se...

Republicando...

Sou flamenguista. Isso não ocorreu por acaso ou desejo paterno, o velho era fluminense. Meu saudoso pai por vezes tentou me inspirar a paixão tricolor. Presenteou-me uma vez com a camisa do seu time do coração, mas a dureza da época devia ser grande e ela era vários números acima do meu, a bicha vinha até o joelho, mais parecia um vestido. Namorada e amigos vendo antigas fotos de família me ridicularizam até hoje pelo uso infantil da gloriosa camisa tricolor que combinava pelo colorido com aquela fase da vida, ingênua e feliz, correndo pelas ruas de Teresina, onde foram tiradas as fotografias, mas não combinam com o flamenguista já adulto.
Tomei gosto por futebol já grande. Não fui infante bom peladeiro, fazia uma graça de vez em quando, e já me valia a alegria daquele único gol no meio da tarde de semana no horário do dever de casa, subindo imundo aos reclames da mãe e da avó. Pois então, paixões por camisas não me diziam respeito.
Sem querer fazer sociologia, o Brasil é esse país de idiossincrasias, não crescemos nunca, fazemos CPIs inócuas, o carroceiro toca seu cavalo em meio à pista do congresso federal e mora no cerrado com vista à bandeira nacional naquele mastro enorme que os militares mandaram construir. Mas entre as belas peculiaridades seus jovens peladeiros têm um poder alquímico. Transformam velhos doentes em jovens entusiasmados. Trabalhadores findam a semana a espera do milagroso gol, do drible desconcertante, do remédio.
Eu jovem e ainda com toda a minha saúde, no início dos anos da nova esperança brasileira, vi crescer para o futebol brasileiro quem seria um de seus maiores ídolos, Arthur Antunes Coimbra, o Zico, é claro! Para nós, o Galinho de Quintino. Tornei-me Flamengo.
A camisa do meu pai sumiu entre tantas coisas do passado, sumiu também o presente que uma tia me deu no retorno de uma dentre tantas de suas viagens, um autógrafo do Zico. Nunca me esqueço disso. Não sei como aquele pequeno pedaço de papel guardado com tanto carinho desapareceu.
Escrevo isso para lembrar do autógrafo do meu ídolo, que um dia tive e que parece que o tenho em minhas mãos agora, lembrar do meu pai tricolor, lembrar que existe futebol, e que podemos abraçar nossos ídolos, nossos médicos do dia-a dia.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Pôr do Sol em Rio Novo


Rio Novo dos Lençóis foi a cidade na qual eu iniciei minhas pesquisas sobre memória. Quando tinha algum tempo, caminhava pela cidade tentando captar imagens cotidianas. Nesse dia um garoto dava água para seu cavalo, cena que retratei mais de uma vez, sempre algum homem entrava no rio com seu animal para lhe dar banho e hidratá-lo após um dia de labuta. Essa foto eu gostei porque a luz de fim de dia deu um colorido ao céu interessante e, como a imagem foi tirada de frente para o ocaso, permitiu ao garoto e seu cavalo ficarem como sombras no rio. Espero que as cores saiam aqui com a intensidade que estavam na ampliação. Depois tem mais...